No início da década de 1980, a humanidade encontrou o grande desafio de enfrentar a pandemia da AIDS, doença causada pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) e que hoje ocupa lugar de destaque entre os principais problemas de saúde no mundo.
A epidemia da AIDS que, inicialmente, acometia homens adultos com alta escolaridade e práticas homossexuais, passou a atingir também os jovens, grupos sociais de maior exclusão social, pessoas com práticas heterossexuais e mulheres. A doença, que é envolta em preconceito e que leva à discriminação, preocupa as mulheres quanto ao “segredo” da infecção.
Em nosso país, especialmente nos últimos anos, observa-se que a porcentagem dos pacientes com 50 anos ou mais no diagnóstico de AIDS aumentou progressivamente, e mais recentemente, a mais nova característica da epidemia tem sido o crescimento do número de infecções por HIV/AIDS em pessoas com 60 anos ou mais.
Com o avanço das pesquisas, o tempo médio de vida dos portadores da doença tem aumentado significativamente, bem como melhorado bastante a qualidade de vida dessas pessoas. Há alguns anos, o diagnóstico constituía uma verdadeira pena de morte; hoje são verificados vários casos em que os portadores do vírus passam anos sem sequer desenvolver a doença. Isso se deve, principalmente, à eficiência do tratamento, que hoje, no Brasil, é tido como modelo.
Na atualidade, face aos avanços terapêuticos conquistados e disponibilizados, o conhecimento precoce da infecção pelo HIV assegura mais chances de manter uma boa qualidade de vida, a partir de um melhor monitoramento das condições de saúde, além de que, ao conseguir a manutenção de uma baixa carga viral, indiretamente contribui também para diminuir as chances de outras pessoas serem infectadas.
A falha no diagnóstico precoce da infecção pelo HIV durante o pré-natal representa uma oportunidade perdida de intervenção na gestante infectada, limitando as possibilidades de redução da incidência dos casos pediátricos infectados por transmissão materno-infantil.
O controle da transmissão vertical do HIV (gestante para o feto) só será possível quando for priorizado o diagnóstico precoce e for assegurado o tratamento da mulher jovem, especialmente durante a gestação. Nesse caso, a utilização dos testes rápidos, além dos testes sorológicos, pode agilizar o diagnóstico principalmente em áreas com recursos diagnósticos limitados.
Frequentemente, o Ministério da Saúde publica diretrizes para o enfrentamento da epidemia da AIDS, e para reduzir a transmissão vertical e ampliar o diagnóstico do HIV, algumas regiões do Brasil implantaram o Teste Rápido Anti-HIV.
Em 2005, instituiu-se a Portaria nº 34/05, visando a regulamentação do uso dos testes rápidos anti-HIV em situações especiais. Essa legislação objetiva a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, tendo como justificativa o fato de que o conhecimento do status sorológico e o diagnóstico precoce contribuem para interromper a cadeia de transmissão. Ademais, consta a implantação do uso de testes diagnósticos rápidos anti-HIV em serviços de saúde com organização precária ou localizados em áreas de difícil acesso:
Art. 2º – “O diagnóstico da infecção pelo HIV poderá ser realizado em serviços de saúde localizados em áreas de difícil acesso, em maternidades e em parturientes que não tenham sido testadas para o anti-HIV no pré-natal.”
A praticidade do teste rápido anti-HIV corrobora o uso dele: a metodologia de testagem é simples e produz resultado em, no máximo, 30 minutos; são acondicionados separadamente, permitindo a testagem individual; apresentam sensibilidade e especificidade similares aos Elisa (EIA) e Westem Blot (WB); a coleta da amostra de sangue é pela punção da polpa digital do indivíduo.

A importância do diagnóstico precoce está ligada à rapidez com que se pode iniciar o tratamento, garantindo uma boa condição de qualidade de vida e, no caso das grávidas, à cura dos bebês em risco de transmissão vertical, além de evitar a propagação da transmissão do vírus a outras pessoas, diminuindo o aumento dos casos da doença.
O teste rápido pode ser realizado em qualquer unidade de saúde, gratuitamente.
Vale ressaltar que a AIDS não tem cura. Ela possui apenas tratamento e a prevenção ainda é a melhor forma de se evitar a doença.
REFERÊNCIAS
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