poetas brasileiros contemporâneos

12 poetas brasileiros contemporâneos para conhecer

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Hoje, vamos te apresentar 12 poetas brasileiros contemporâneos que vão te fazer se deliciar com o que há de mais lindo no nosso idioma, a partir da década de 1980 até os dias atuais.

Muito além de palavras que, ao serem combinadas resultam em harmonia, a poesia funciona como um refúgio, seja para quem escreve ou para quem lê. Com o advento da internet, muitos poetas estão ganhando popularidade, os já existentes e os que estão surgindo graças às redes sociais. 

São essas duas faces da poesia contemporânea que você vai encontrar neste texto. Esperamos que você curta nossas sugestões, boa leitura!

1. Alice Ruiz (1946)

Nossa primeira sugestão de poetas brasileiros contemporâneos que você precisa ler é, na verdade, uma poeta: a haicaísta curitibana Alice Ruiz. Nascida em 1946, Alice começou a escrever contos com apenas 9 anos de idade. Aos 16, resolveu se aventurar nos versos, publicando-os uma década depois em revistas e jornais culturais.

Poeta Alice Ruiz enquanto discursa.
505Escritora foi casada com o também poeta Paulo Leminski. Foto: Sérgio Silva/Reprodução.

Alice Ruiz tem 21 livros publicados e, além das poesias, também escreve histórias infantis e realiza traduções. Em 2009, ganhou o prêmio Jabuti de Poesia, graças ao livro Dois em Um.

Capa do livro Dois em Um, de Alice Ruiz.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“lembra o tempo
que você sentia
e sentir
era a forma mais sábia
de saber
e você nem sabia?”

2. Ana Martins Marques (1977)

Mineira de Belo Horizonte, Ana Martins Marques nasceu em 1977, é doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Literatura e graduada em Letras também pela UFMG. 

Poeta Ana Martins Marques.
No total, a poeta tem sete obras publicadas e já foi ganhadora de dois prêmios. Foto: Beatriz Goulart/Reprodução.

Em poucos ou muitos versos, Ana é capaz de expressar com extrema delicadeza sentimentos distintos como amor e revolta, demonstrando seu potencial e total domínio com a lírica.

A primeira obra da autora foi lançada em 2009, intitulada A Vida Submarina. De lá para cá nasceram mais seis, entre elas O Livro das Semelhanças, nossa indicação de leitura para você.

Capa do livro O Livro das Semelhanças, de Ana Martins Marques.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“E então você chegou
como quem deixa cair
sobre um mapa
esquecido aberto sobre a mesa
um pouco de café uma gota de mel
cinzas de cigarro
preenchendo
por descuido
um qualquer lugar até então
deserto.”

3. Angélica Freitas (1973)

Jornalista, poeta e gaúcha é pouco para definir Angélica Freitas, que se lançou na literatura em terras argentinas, em 2006, especificamente em Buenos Aires. Os primeiros poemas publicados saíram em uma antologia de poesia brasileira contemporânea intitulada Cuatro poetas recientes del Brasil.

Poeta Angélica Freitas.
Angélica também traduziu para o português escritoras hispano-americanas, como Blanca Varela, Susana Thénon e Lucía Bianco. Foto: Centro Cultural Contemporâneo b_arco/Reprodução.

Enquanto isso, aqui no Brasil, Angélica participava de leituras públicas na Casa das Rosas, entre outros eventos.

A primeira coletânea de poemas saiu no volume Rilke Shake, pela editora Cosac Naify, sob direção de outro poeta que você conhecerá em breve, Carlito Azevedo. 

Contudo, foi a obra um útero é do tamanho de um punho (2012) que teve ótimo respaldo da crítica e tornou-a finalista do Prêmio Portugal Telecom no ano seguinte, consagrando o sucesso de Angélica.

Capa do livro Um Útero é do Tamanho de um Punho.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“a mulher é uma construção
deve ser
a mulher basicamente é pra ser
um conjunto habitacional
tudo igual
tudo rebocado
só muda a cor
particularmente sou uma mulher
de tijolos à vista
nas reuniões sociais tendo a ser
a mais mal vestida.”

4. Arnaldo Antunes (1960)

Se você conhece as músicas do cantor Arnaldo Antunes, deve já ter pensado o quão poéticas e rítmicas elas são. Não é por acaso! Além de músico, Arnaldo também é escritor.

Foto de Arnaldo Antunes.
Arnaldo foi um dos dezesseis membros da banda de rock Titãs. Atualmente, segue carreira solo na música, além de realizar apresentações com o grupo Os Tribalistas. Foto: Diário de Goiás/Reprodução.

Ganhador de dois Prêmios Jabutis por As Coisas (1991) e Agora Aqui Ninguém Precisa de Si (2015), o lado poeta de Arnaldo segue a linha concretista, onde trilha analogias e metonímias de forma lúdica, a fim de fazer com que nosso olhar sobre o texto e o mundo sejam ressignificados a cada palavra. Sem dúvidas, uma grande referência entre os poetas brasileiros contemporâneos.

Foto da capa do livro As Coisas, de Arnaldo Antunes.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“As coisas têm peso,
massa, volume, tamanho,
tempo, forma, cor,
posição, textura, duração,
densidade, cheiro,
valor, consistência,
profundidade, contorno,
temperatura, função,
aparência, preço,
destino, idade, sentido.
As coisas não têm paz.”

5. Carlito Azevedo (1961)

A estreia do carioca Carlito Azevedo na literatura se deu por meio do livro Collapsus Linguae (1991). Cheia de estilo, a obra, de cara, foi vencedora do Prêmio Jabuti daquele ano.

Influenciado pela poesia concreta e pelo escritor João Cabral de Melo Neto, possui mais seis livros lançados: As banhistas (1993), Sob a noite física: poemas (1996), Versos de circunstância (2001), Sublunar (2001), Monodrama (2009) e Livro das postagens (2016).

Foto de Carlito Azevedo.
Carlito Azevedo durante Festival Literário de Paraty (Flip) em 2012. Foto: Walter Craveiro/Reprodução.

Carlito é ainda tradutor de poesia francesa, uma paixão que se originou durante a graduação em Letras.

Capa do livro Monodrama, de Carlito Azevedo.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“Em seus
raros momentos
de elevação,
quando fica
num pé só,
imagina-se
a orquídea
da pedra.”

6. Fabrício Carpinejar (1972)

Nascido em Caxias do Sul (RS), Fabrício Carpi Nejar/Carpinejar é poeta, jornalista e cronista. Filho de outros dois poetas, Maria Carpi e Carlos Nejar, formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também tornou-se mestre em Literatura Brasileira.

O primeiro livro do poeta foi As Solas do Sol (1998), quando unificou seus sobrenomes passando a assinar Carpinejar. Porém, a notoriedade do escritor chegou em 2003, após a publicação da antologia Caixa de Sapatos, pela editora Companhia das Letras.

Poeta Fabrício Carpinejar.
Carpinejar é vencedor de nove prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti e Prêmio Nacional Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Foto: Walter Craveiro/Reprodução.

Atualmente, conta com mais de 25 livros publicados e é um dos poetas brasileiros contemporâneos de maior sucesso nas redes sociais, especialmente no Instagram, graças aos guardanapos que publica diariamente com frases e trechos de poemas que escreve, reunidos agora no livro Liberdade na vida é ter um amor para se prender (2017).

Capa do livro Liberdade Na Vida é Ter um Amor para se Prender, de Fabrício Carpinejar.
Foto: Amazon/Reprodução.

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7. Fernanda Young (1970-2019)

Ácida, sensível e peculiar. Essa era Fernanda Young. A escritora também atuava, dirigia, apresentava e escrevia, sendo responsável por grandes programas de comédia, como a série Os Normais e Minha Nada Mole Vida.

Tinha nos livros e na escrita uma distração onde buscava aperfeiçoamento constante e lançou o primeiro livro em 1995, Vergonha dos Pés

Fernanda Young.
Após problemas decorrentes de uma crise de asma, Fernanda faleceu em 25 de agosto de 2019. Foto: A Redação/Reprodução.

O primeiro livro de poesias saiu uma década depois, em 2005, intitulado Dor do Amor Romântico. O último lançado em vida foi A Mão Esquerda de Vênus, um relato em versos não nomeados sobre o amor, a queda, a superação e a liberdade.

Capa do livro A Mão Esquerda de Vênus, de Fernanda Young.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“(…) Há muito cansei de
Desculpar-me.
Sou essa, e aceito não ser querida,
Se me arrependo de algo,
Digo aqui e bordarei:
Foi ter saído de mim,
Para deixar alguns entrarem.”

8. Gregorio Duvivier (1986)

Carioca, Gregorio Duvivier nasceu em 1986 e possui graduação em Letras pela PUC-Rio. Ator e roteirista, publicou, até então, um único livro de poemas pela Companhia das Letras: Ligue os pontos – poemas de amor e big bang (2013).

Gregório Duvivier.
O escritor também é um dos fundadores do canal de humor Porta dos Fundos no YouTube. Foto: Walter Craveiro/Reprodução.

Muito além da crônica e do roteiro, em Ligue os pontos Gregorio demonstra as possibilidades das palavras na construção de cada poema e a força das ações cotidianas na criação de cada um deles, tendo o Rio de Janeiro como plano de fundo.

Capa do livro Ligue os Pontos - Poemas de amor e Big Bang, de Gregório Duvivier.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“querer tudo é não querer
nada é perceber que nada
é pior que tudo e qualquer
coisa é melhor que nada
é melhor do que não querer
tudo é querer uma coisa só
pois para ser feliz é preciso
querer uma coisa só e saber
deitar ao lado dela — quieto.”

9. Martha Medeiros (1961)

Admirada pelo escritor Millôr Fernandes, Martha Medeiros é originária de Porto Alegre e não é apenas uma das melhores cronistas brasileiras, tendo vendido mais de 1 milhão de cópias, mas também escreve poemas.

Escritora Martha Medeiros.
Autores como Paulo Leminski, Caio Fernando Abreu e Ana Cristina César eram inspirações de Martha, que começou a escrever na década de 1980. Foto: Carin Mandelli/Reprodução.

O primeiro livro publicado foi Strip-Tease (1985). Contudo, é a editora L&PM a responsável pelo lançamento da maioria dos mais de 30 livros da escritora, inclusive nossa indicação para você: Poesia Reunida (1998).

Capa do livro Poesia Reunida, de Martha Medeiros.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“aquele amor poderia ter
me matado
como mata centenas de
mulheres por aí

certos amores não
passam
de uma bomba a ser
desativada a tempo.”

10. Paulo Leminski (1944-1989)

Um dos poetas brasileiros contemporâneos que você precisa conhecer, mas que, infelizmente, não está mais entre nós, é Paulo Leminski. Curitibano, ele foi casado com a poeta Alice Ruiz e produziu versos sob influência da cultura japonesa, os chamados haicais.

Faixa preta no judô, professor de História e de Redação, os versos de Leminski são objetivos e concisos, mas sem deixar o gracejo de lado, sendo capazes de nos tirar sorrisos em poucas palavras.

Paulo Leminski
Extremamente referenciado, os óculos e o bigode longo eram marcas registradas do escritor curitibano. Foto: Arquivo familiar/Culture.PL/Reprodução.

O escritor é considerado um poeta de vanguarda, aproximando-se da geração de poetas marginais que escreviam durante a ditadura militar, fora do eixo Rio-São Paulo, e não eram publicados por grandes editoras, como Francisco Alvim e Chacal.

Capa do livro Toda Poesia, de Paulo Leminski.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.”

11. Ryane Leão (1989)

Sucesso na internet, Ryane Leão é uma cuiabana radicada em São Paulo. Formada em Letras pela Unifesp, encontrou nos lambe-lambes que espalhava pela terra da garoa, nos slams e saraus que participava, a oportunidade de divulgar seu trabalho e, é claro, seu ativismo em defesa das mulheres negras.

Escritora Ryane Leão.
Perfil de Ryane Leão no Instagram (@ondejazzmeucoracao) possui meio milhão de fãs. Foto: Marcos Alves/Agência O Globo/Reprodução Facebook.

Em seu livro de estreia, Tudo Nela Brilha e Queima (2017), Ryane aborda temas como amor-próprio, feminismo, relacionamentos abusivos e preconceito. Um livro escrito por uma mulher para outras mulheres.

Capa do livro Tudo Nela Brilha e Queima.
Foto: Amazon/Reprodução.

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“desejo que os seus amores 
te amem também nos seus piores dias 
desejo que você não force a barra
e compreenda que o que é seu 
inevitavelmente virá pros seus braços
desejo que as quedas te lembrem
de estrelas cadentes 
desejo que não se entregue a alguém
somente para escapar de você
desejo que se lembre de ser gentil
com quem você está se tornando
e desejo que saiba que talvez
você não volte a ser quem foi 
e que isso é maravilhoso.”

12. Sérgio Vaz (1964)

Nossa última indicação entre tanto poetas brasileiros contemporâneos também tem uma veia no ativismo e recita os próprios poemas de cor: Sérgio Vaz.

Fundador da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa) em 2000, Vaz escreve desde os anos 1980 e lançou o primeiro livro em 1988. Foi Subindo a ladeira mora a noite que deu início à trajetória independente do escritor, possuindo apenas três livros lançados por uma editora, sendo eles Colecionador de Pedras (2007), Literatura, Pão e Poesia (2011) e Flores de Alvenaria (2016).

Poeta Sérgio Vaz.
Poeta realiza saraus em comunidades, escolas e até mesmo em presídios, com o objetivo de promover a inclusão cultural. Foto: João Wainer/Flickr/Reprodução.

Em 2009, foi eleito pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano, sendo homenageado pela escola de samba Imperatriz do Samba com o enredo Sérgio Vaz, o poeta da periferia.

Capa do livro Flores de Alvenaria, de Sérgio Vaz.
200Foto: Amazon/Reprodução.

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“Teimosia

Não adianta
quebrarem minhas pernas,
furar meus olhos
ou falar pelas costas.
O que sustenta meu corpo
são as minhas ideias.
Braços descruzados,
tenho um cérebro com asas
e sou todo coração.
Se me proibirem de andar sobre a água,
nado sobre a terra.”

Se você quer fugir um pouco dos autores clássicos, mas sem deixar a genialidade poética de lado, esses 12 poetas brasileiros contemporâneos são a companhia perfeita para você. Qual deles você vai ler primeiro? Conta para a gente nos comentários!

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